*
“Ademais, o que significavam todos esses, todos os suplícios do passado? Tudo, até o crime dele, até a condenação e o exílio, agora, no primeiro impulso, pareciam-lhe algum fato externo estranho, até como se não tivesse acontecido com ele. Aliás, nessa noite ele não conseguia pensar de forma demorada e constante em nada; demais, agora ele não resolveria nada de modo consciente, apenas sentia. A dialética dera lugar à vida, e na consciência devia elaborar-se algo inteiramente diferente.”
Agora, vou me jogar na leitura de obras machadianas. O vício do sr. João Ricardo me fez lembrar quão foda são os livros do Machado e quantos livros dele eu ainda preciso ler. Essa semana pro-me-te! Uhul.
(Atualizaçãozinha no dia seguinte: Já li Memorial de Aires, que é bom, mas não mais que isso. Hoje começo Memórias Póstumas de Brás Cubas, que eu já li, é genial, e vou reler.)
*
Este infinito amor de um ano faz
Que é maior do que o tempo e do que tudo.
Este amor que é real, e que, contudo
Eu já não cria que existisse mais.
Este amor que surgiu inesperado,
E que dentro do drama fez-se em paz.
Este amor que é o túmulo onde jaz
Meu corpo para sempre sepultado.
Este amor meu é com um rio; um rio
Noturno, interminável e tardio
A deslizar macio pelo ermo
E que em seu curso sideral me leva
Iluminado de paixão na treva
Para o espaço sem fim de um mar sem termo.
Um ano, né...
Nenhum comentário:
Postar um comentário